Um animal de estimação faz parte da vida de uma grande parcela da população brasileira. Segundo dados da Forbes, o Brasil é o segundo país no mundo a investir e gastar no mercado de pets, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Sem dúvida, os cães constituem a preferência dos brasileiros, que de acordo com dados de pesquisa da Opinion Box, estão presentes nos lares de 75% dos entrevistados, sendo que estes possuem um ou mais pets.
Em função disso, 74% informaram que seus animais de estimação são tratados como filhos, ou seja, são “pais de pets”. Por isso, adotam muitos cuidados e assumem gastos mensais elevados com alimentação, vacinas e muitos outros itens.
Apesar de não ser o desejo de nenhum cuidador, o pet pode acabar adoecendo e ter de passar por uma intervenção cirúrgica e uma situação de pós-operatório. Nesses casos, os cuidados devem ser redobrados para garantir a sua recuperação.
Mas, surgem muitas dúvidas de como cuidar e como devem agir nessa situação. Quais as orientações do veterinário de como agir após a cirurgia?
Dicas pet é um esclarecimento para os cuidadores de todas essas interrogações, com as recomendações de uma médica veterinária, dra. Amanda Simões.
Um procedimento cirúrgico precisa de um preparo pré-operatório bem cuidadoso, visando assegurar a obtenção de todas as informações necessárias para realizar a intervenção cirúrgica. Segundo a médica veterinária, dra. Amanda Simões,
“quanto mais informações, maior é a chance de sucesso da cirurgia. Com toda a certeza, o fundamental é saber a condição física em que o pet se encontra, bem como o que esperar no momento de realizar o procedimento”.
Para um pré-operatório bem completo, considerando uma intervenção cirúrgica com anestesia e sangramento, é necessário realizar diversos exames. De acordo com Amanda, o exame de sangue é um desses e permite avaliar os seguintes aspectos:
“1.º – Hemácias
Verificar o nível dessas células no sangue, pois são responsáveis por levar o oxigênio para o organismo.
Se acaso o nível estiver baixo, significa que o pet está anêmico e que a cirurgia não deve ser realizada. Primeiro, será necessário tratar o pet com medicamentos para restabelecer a sua saúde e, então, realizar o procedimento”.
“2.º – Plaquetas
Verificar o nível das plaquetas, pois são responsáveis por estancar qualquer tipo de sangramento do pet. Se o nível de plaquetas estiver baixo, também não é recomendado realizar o procedimento.
Da mesma forma que acontece com as hemácias, também será necessário o tratamento para elevar o nível de plaquetas e viabilizar a intervenção cirúrgica”.
“3.º – Função dos rins e fígado
Estes órgãos são responsáveis por eliminar aos poucos os medicamentos anestésicos para o pet acordar. Se estes órgãos não estiverem funcionando normalmente, o pet vai demorar muito mais para acordar.
E isso não é aconselhável, pois aumenta os riscos da anestesia. Além disso, pode ocorrer interferência na pressão arterial, gerando maiores complicações”.
Além desse exame de sangue, Amanda explica que também é necessário: “um exame para verificar a função elétrica do coração. Isso porque a anestesia interfere na frequência cardíaca e pode gerar complicações”.
Em alguns casos, pode ser necessário realizar uma laparotomia exploratória, que é uma intervenção para observar os órgãos e coletar material para uma análise como a biopsia.
A partir desse procedimento, será possível obter um diagnóstico da doença. Sendo muito usado para crise de dor abdominal súbita, ou seja, abdômen agudo, que pode ser causada por perfurações de vísceras, torções intestinais, dentre outras.
Nos pets, o pós-operatório de uma intervenção cirúrgica depende muito da localização do procedimento realizado. Ou seja, se a cirurgia ocorreu em um dos membros, na cavidade abdominal ou ainda na cabeça.
Fonte: Imagem de Jakob Lorz por Pixabay
Amanda explica que os principais cuidados do pós-operatório são os seguintes:
“1.º – Manter o pet em repouso, principalmente nos 3 primeiros dias
Isso porque o tecido operado está muito inflamado, sensível mesmo. Sendo que ainda não ocorreu uma liga das células de parede no local da sutura e está muito frágil, podendo ser rompido com facilidade.
Além disso, os movimentos funcionam como um estímulo para aumentar a dor no pós-operatório, causando mais sofrimento ao pet”.
“2.º – Seguir as medicações prescritas, principalmente a medicação para a dor
É muito importante ter um cuidado especial e dar a medicação conforme as orientações do veterinário. O que facilitará a recuperação do pet e evitará maior sofrimento com o aumento da dor no pós-operatório”.
Os gatos reagem muito mal quando são forçados. A tarefa de dar remédios para gatos, além de difícil, é perigosa pois o bicho sempre consegue se soltar arranhando quem o seguro (as vezes, os arranhões podem ser profundos). Essa reação faz parte do instinto do animal.
Mas existe um jeitinho para dar remédio para gato. No vídeo abaixo a médica veterinária Jéssica Vieira Freire nos ensina como fazer isso sem sofrimento para o dono e para o bichano. Confira no vídeo:
Os cuidados com a alimentação no pós-operatório são indicados pelo médico veterinário de acordo com o tipo de procedimento cirúrgico realizado. Desse modo, em intervenções mais simples, não é necessário alterar a alimentação.
Agora, nos casos de intervenções mais complexas, que dificultam para o pet se alimentar normalmente, o veterinário indica qual tipo de alimentação deve ser oferecida, bem como suplementos para garantir uma boa recuperação.
A alimentação natural tem crescido ultimamente e as pessoas acham que é mais saudável para o pet. No entanto, Amanda explica que
“uma linha de comida natural para pets só deve ser usada com orientação de um veterinário ou um especialista em nutrição para cães”.
“Isso porque é preciso manter o equilíbrio alimentar para garantir a saúde do pet, pois se começar a alimentar o pet apenas com uma porção de arroz com frango natural, o resultado não será o esperado”.
“Com certeza, o pet irá engordar e o seu organismo ficará com falta de minerais, principalmente cálcio e fósforo. Afinal, não está recebendo todos os nutrientes que necessita com uma alimentação baseada apenas em carboidratos”.
“O mais aconselhável para quem deseja oferecer ao seu pet uma alimentação natural, é procurar um nutrólogo para cães para obter uma dieta de equilíbrio das porções diárias”.
Os cuidados de um pós-operatório para retirada de tumor estão diretamente relacionados com o tipo de tumor a ser extraído. Isso porque, se for um caso mais grave, necessitará de fazer quimioterapia e radioterapia.
E estes são procedimentos que necessitam de um maior acompanhamento por parte do veterinário e do cuidador. Principalmente, por ser um tipo de tratamento que debilita o pet, requer mais atenção para manter a sua saúde.
Amanda explica que os cuidados essenciais são: “evitar uma movimentação excessiva, não deixar que mexa nos pontos, manter a boa alimentação e controlar a dor com a medicação”.
Em geral, as cirurgias para retirar tumores são realizadas em cães mais velhos, necessitando de maior cuidado para a sua recuperação e alimentação. Além de observar se está fazendo suas necessidades e se estão com a frequência normal.
Os cuidados pós-operatório da cirurgia de castração tanto para as fêmeas quanto para os machos incluem a medicação e o repouso nos primeiros dias.
Amanda destaca a importância de usar a roupa cirúrgica para evitar que o pet fique lambendo ou mordendo o local dos pontos. A cicatrização ocorre por volta de 7 a 12 dias e requer uma alimentação saudável e equilibrada.
Para decidir sobre o que é melhor entre o colar elisabetano ou a roupa cirúrgica, Amanda comenta que essa decisão depende muito de veterinário para veterinário. Normalmente, a definição é feita a partir do tipo de procedimento cirúrgico realizado.
A roupa cirúrgica é uma vestimenta que cobre todo o corpo do pet, deixando descoberta apenas a cabeça e membros. Além disso, tem uma abertura para que ele possa fazer suas necessidades fisiológicas com facilidade.
Fonte: Shoppee
A vestimenta cirúrgica serve para impedir que o pet consiga morder ou lamber os pontos, além de oferecer proteção contra infecções microbianas e alergias. Por isso, existem diversos modelos para atender a diferentes raças, pesos, tamanhos e diferenciados para machos e fêmeas.
Já o colar elisabetano é bastante conhecido pelo seu formato em cone, servindo para impedir que o pet entre em contato com o local da sutura com pontos. Este deve ser colocado de forma justa no pescoço, com uma coleira, dependendo do modelo a ser usado.
O focinho deve ficar dentro do cone, sendo muito importante verificar se o tamanho está adequado. Pois, se for muito pequeno ou muito grande não oferecerá a proteção desejada.
Fonte: Imagem de Ulrike Mai por Pixabay
Atualmente, existem diferentes modelos, que são produzidos de variados materiais, com o objetivo de ser mais confortável para o pet. O material mais aconselhável para o colar é o polipropileno, visto que é mais resistente e tem maior qualidade.
Do ponto de vista da médica veterinária, a roupa cirúrgica é mais adequada para proteger os pontos em procedimentos na cavidade abdominal, evitando que o pet possa ficar lambendo ou mordendo.
Já o cone é mais usado para os membros e partes superficiais, como, por exemplo, os olhos. Além disso, é preciso avaliar se o pet irá aceitar o cone, pois muitos rejeitam e chegam mesmo a retirá-lo, depois de muito esforço e mordidas.
Com toda a certeza, os animais de estimação fazem parte da vida de seus cuidadores, tornando-se as companhias de toda hora. Sem dúvida, fazem parte da vida familiar e em muitos lares são tratados como filhos pelos “pais de pets”.
Contudo, mesmo assim, a taxa de abandono no país ainda é muito alta.
Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que existem no país em torno de mais de 30 milhões de animais abandonados, sendo 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos.
A partir desses dados, as dicas pet são no sentido de conscientizar a população da necessidade de reverter esse quadro de abandono, oferecendo abrigo e acolhida para esses animais de estimação que precisam de um cuidador que os ame.
Artigo produzido por Horizonte Pet Store e revisado por Dra. Amanda Simões – Médica Veterinária de Animais Silvestres, Exóticos, Cães e Gatos – CRMV-SP 46245, pós-graduada em Medicina de Pets Não Convencionais pela Anhembi Morumbi e Qualittas.